COMIDAS ULTRA PROCESSADAS MATAM MAIS QUE HOMICÍDIOS NO BRASIL
Alimentos ultraprocessados são responsáveis por 57 mil mortes por ano no Brasil, segundo estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Esse número é maior do que o número de mortes por homicídio no país, que atinge o recorde de 45.500 por ano.
A pesquisa, publicada em novembro passado no American Journal of Preventive Medicine, também envolveu pesquisadores da Universidade de Santiago (Chile) e da Fiocruz, e teve como base dados de 2019. O objetivo é analisar o impacto desses alimentos na saúde.
Itens com “formulações industriais produzidas a partir de partes de alimentos e misturadas com aditivos sintetizados em laboratório” foram considerados ultraprocessados na investigação. A lista inclui coisas como pizza, nuggets de frango, linguiça, lanches embalados, alimentos ricos em sódio, açúcar e gordura saturada e refrigerantes.
A análise também levou em consideração a presença de vários estudos que relacionam o consumo de alimentos ultraprocessados ao ganho de peso e aumento do risco de diabetes, câncer e doenças cardiovasculares. Os especialistas também enfatizam que esses produtos podem causar alterações no microbioma intestinal e aumentar o risco de inflamação.
Mais barato que fruta
Segundo matéria da BBC publicada nesta sexta-feira (3), o alto consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil está ligado a incentivos fiscais e subsídios que barateiam esses alimentos. Um exemplo é o decreto assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em abril de 2022 para zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre concentrados e extratos contidos na fabricação de refrigerantes.
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Por meio dessa medida, as empresas receberão subsídios de até 1,8 bilhão de reais ao longo de três anos. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o decreto, alegando que a medida prejudicaria a Zona Franca de Manaus, um dos maiores pólos industriais do país e onde a bebida é produzida.
Por outro lado, como disse a pediatra e nutricionista Maria Paula de Albuquerque em entrevista à publicação, há pouco apoio aos pequenos agricultores, tornando os alimentos in natura mais caros do que os ultraprocessados. Para ela, a indústria também precisa cobrar mais por qualquer dano à saúde do consumidor.
Diante disso, o consumo de produtos ultraprocessados aumentou 46% entre 2002 e 2018, segundo levantamento de Walter Belik, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No mesmo período, o consumo de alimentos in natura caiu 7%.
Como reverter a situação?
Especialistas recomendam taxar alimentos ultraprocessados para mudar a situação e aumentar a busca por opções saudáveis. Incluir um aviso na embalagem seria outra solução.
Conforme explicado pelos líderes do estudo citados no início deste artigo, reduzir o consumo desses produtos em 20% seria suficiente para evitar 12.000 mortes. Uma redução de 50% salvaria 29.000 vidas por ano.
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